domingo, 30 de outubro de 2011

Esvaindo

Como esse ano passou rápido, não é mesmo?

Não, não estou querendo puxar conversa com vocês, raros porém especiais leitores deste blog. Apesar de clichê, essa frase é verdadeira.

Na minha falta de sono, estava lembrando do primeiro dia do ano. Parece que foi há algumas semanas, apenas. Nossa. Lembro perfeitamente bem da ida à Palotina, na casa da Mariana, junto com a Viviane. Lembro até do tropeção da Mari na pedra que estava na calçada (risos). Caramba... parece que eu só pisquei e já estamos no final de outubro. OUTUBRO. Mais dois meses e cabô 2011, cabô.

Não sei dizer se essa rapidez com que o tempo passa é boa ou ruim.

Sei lá, às vezes tenho a impressão de que o tempo passa tão rapidamente assim porque eu não sei usá-lo direito. Sinto como se ele se esvaísse entre meus dedos. Por mais que eu tente segurá-lo, é inútil. Os dias vêm e vão e eu continuo na espera do fim do dia para a chegada do outro. E assim sucessivamente. E assim eternamente.

2011 tem sido um ano muito louco. Já disse que não gosto de números ímpares? Não? Pois bem, não gosto. Todos os anos ímpares foram horríveis pra mim. TODOS. HORRÍVEIS. Sei lá, peguei uma birra desse 2011. Nem esperei o pobre começar e já fui logo reclamando. Em termos, reclamei com razão. Mas, eis que quase chegando ao fim, ele me fez uma surpresa. Uma surpresa pela qual esperei por meses. Sim, trata-se do moço. Então, apesar de muito louco, não posso reclamar de 2011. Só quero que novembro passe rapidinho. Preciso de férias, urgentemente.

Você deve estar lendo este texto (ou não) na expectativa de entender seu objetivo. Pois eu lhe digo: não tem objetivo nenhum, mesmo. Precisava fazer alguma coisa e decidi escrever. Sei lá. É isso. Ou não. Talvez seja algo mais. Ou não. Vai saber. Né? Ou não? Talvez? Talvez. Ou não.

Entre o antes e o depois

Sempre quis tudo muito bem planejado. Tudo certinho, tudo como deveria ser. Pensava não duas, mas duzentas vezes antes de fazer ou falar algo. Por mais que pensasse, as coisas quase nunca saíam como havia planejado. Fazia planos. Fracassavam. Queria fazer de um jeito, acontecia de outro. Não queria que algo acontecesse, acontecia. Desejava intensamente que algo acontecesse, não acontecia. Um agravante: não sabia esperar. Nunca soube lidar com esperas. Na verdade, não sabia lidar com a maioria das coisas. Não tinha paciência para quase nada.

Não tinha paciência para ter paciência.

Um dia, cansou de fazer planos. Cansou de esperar que algo acontecesse. Se fosse para acontecer, aconteceria, independentemente de sua vontade ou de sua longa espera.

E parou de pensar no futuro. Parou de fazer planos. E percebeu que as melhores coisas de sua vida aconteciam assim, sem planos, sem espera, sem agonia, sem precipitações. A partir de então, passou a viver apenas entre o antes e o depois. Passou a se preocupar apenas com o agora. Deixou que o tempo se encarregasse de dar um rumo ao seu caminho. E se sentiu mais leve.

Sem planos, sem expectativas, sem decepções. 


Tempo tempo tempo

O tempo perguntou para o tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu para o tempo que o tempo tem tanto tempo quanto for necessário ter para que tudo aconteça no tempo certo. E o tempo entendeu que deveria ir com calma para que tudo se ajeitasse a seu tempo. E o tempo concluiu que o tempo é realmente a melhor forma de passar o tempo.

Não foi tempo perdido. Foi tempo esperado.


“Temos nosso próprio tempo...
Temos nosso próprio tempo...
Temos nosso próprio tempo...”

Do avesso

Sempre tentava se entender. Nunca conseguia. Se olhava no espelho e tentava se encontrar. Não sabia onde havia se perdido dentro de si. Não sabia o que havia perdido. Como procurar algo que nem sabia o que era? Se fez e se refez tantas vezes. Tentava ser de um jeito, aparentava ser de outro. Tentava ser de outro jeito, aparentava não ser quem era. Quem era? Não sabia quem era. Não sabia se definir. Não conseguia se entender. Se virou do avesso. E descobriu que esse era seu lado certo. Do avesso de tudo o que fora. Do avesso dos seus pensamentos. Do avesso de si. Do avesso de tudo o que queria ser. Do avesso de tudo o que queriam que fosse. Do avesso do avesso.

Metades

Eram duas pessoas vivendo apenas a metade de si. Nada era completo, nada era como queriam. Cada uma vivendo sua metade do mundo. Eram iguais. Tinham os mesmos gostos. Sonhavam os mesmos sonhos. Queriam as mesmas coisas. Não gostavam das mesmas coisas. Pensavam da mesma forma sobre as mesmas coisas. Mas ambos não sabiam de tudo isso. Ambos não gostavam de se sentir pela metade. Sem pressa, sem antecipação, deixaram que o tempo se responsabilizasse por completar suas vidas, vividas, até então, pela metade. Depois de muita espera, as metades se tornaram um inteiro. Tudo passou a ser completo, tudo passou a fazer sentido. E concluíram que a espera os tornou especiais um para o outro. Na verdade, sempre foram especiais um para o outro. Só não sabiam disso. Agora sabem. E querem continuar sendo. Sem pressa, sem antecipações. No tempo que tiver que ser. Pelo tempo que tiver que ser. Porque nenhum deles sabe ser pela metade. Porque quando a gente encontra o inteiro, não quer ser pela metade outra vez. 

Falta

Sábado à noite. Chuva. Vento. Música. Falta de sono. Sobra de pensamentos.

Se o dia de ontem pudesse ser resumido em uma palavra, essa palavra é “falta”.

Falta de várias coisas.

Falta de disposição, para começar. Dia chuvoso. Dor de cabeça, dor de tudo.

Falta de ter o que fazer. Tudo por causa da falta de eletricidade. Não sei viver sem ela. Aliás, impossível viver sem ela. Eletricidade, eu te amo.

Falta de inspiração. Para ler, para escrever, para inspirar. Para tudo.

Falta de decisão. Quero ler. Quero escrever. Quero dormir. Quero assistir a um bom filme, com uma boa companhia. Por fim, quero tudo e não tenho, não faço nada. Querer, definitivamente, não é poder.

Falta de um abraço. Típico dia em que essa falta é sentida mais do que nunca.

Falta de poder dizer o que eu quero dizer. Falta de alguém. Falta de tudo. Falta que eu sinto desde o primeiro segundo que me afasto.

Falta de sentir falta. Entende? Nem eu.

Falta que nem sei explicar de quê. Só sinto.

Dia preguiçoso. Dia inútil. Dia tão eu.

Há tempo que eu sentia falta de um dia assim. 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"A cura"

E eis que de repente a vida deu uma virada tão grande que eu quase me perdi. Quase me perdi de felicidade. 

O que eu tanto quis que acontecesse, aconteceu. 
E aconteceu assim, repentinamente. 
Inesperadamente.
Magicamente.
Lindamente.
E finalmente. 

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Sabe aquele dia em que você fica o tempo todo com uma música ecoando nos pensamentos? Pois então. Não consigo parar de cantar (mentalmente, para a sorte de quem está perto de mim), uma música de uma banda que eu amo muito, os Anjos do Hanngar. 

E o legal é que ela se encaixa perfeitamente no contexto deste momento, especialmente o título.
Leia. Ouça. Ame tanto quanto eu. 

A cura

Eu não quero nada que não seja seu amor, sua alma, sua luta
Eu não quero que você me siga, e um segundo depois se arrependa
Eu não quero só sua beleza pra reinventar o kamasutra
E não quero que se surpreenda
Mas que compreenda, pode ser amor
Ama
Faz adormecer
Beija
Faz entender que a chama continua acesa

Eu não quero que você se cubra
De razão, de raiva ou de culpa
E se eu tocar sua ferida
Quero lucidez pra ter a cura
E por mais que doa ou aflija
Quero minha boca sobre a sua
E não quero que você me diga que isso
Nem de longe pode ser amor


"Eu não quero nada que não seja seu amor, sua alma, sua luta"

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Incontido

O que não cabe nas palavras, deixo transparecer num olhar.

O que não cabe num olhar, mostro num sorriso.

O que não cabe num sorriso, guardo nos meus pensamentos.

O que não cabe nos meus pensamentos, deixo escapar em palavras.

E as palavras...
Bem, nas palavras não cabe nem metade do que eu sinto. 

Ciclo. 

sábado, 8 de outubro de 2011

Novas velhas sensações de sempre

Acho que estou tão acostumada com as coisas dando errado pra mim que quando, finalmente, elas dão certo, eu arrumo um jeito de fazer dar errado. Entende? Não. Nem eu.

Um dos meus problemas comigo mesma sempre foi a insegurança. A sensação de estar fazendo as coisas da maneira errada. Nunca sei como agir, nunca sei o que pensar. E acabo sempre pensando da pior forma possível. Sempre que faço ou falo alguma coisa, fico pensando na reação da pessoa. E sempre chego à conclusão de que faço tudo errado. Sempre penso que deveria ter feito diferente.

Neste momento, vocês pouquíssimos leitores dessas sessões de auto-análise, devem estar pensando “mas que exagerada essa menina, credo”. Sim. Sou exagerada. Acho que outro problema meu comigo mesma é sentir e viver tudo tão intensamente e tão exageradamente. Se estou feliz, fico eufórica. Se estou triste, chego ao fundo do poço. 

Vou de extremo a extremo em questão de segundos. Não sei encontrar um meio termo, não sei encontrar um ponto de equilíbrio nisso tudo.


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Essa minha cabeça confusa e esse coração que se magoa por tudo, que se magoa por nada. Que se magoa à toa.

Acho que eu não me decepciono comigo mesma porque não espero muito de mim. Ou me decepciono por esperar demais de mim mesma. 

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Impressionante como a Amy Lee consegue transcrever tudo o que sinto em músicas. Sempre.
“Não tenho nada agora
E tudo o que sinto é essa vontade cruel
Temos caído por todo esse tempo
E agora estou perdida no paraíso”

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tantos eus em mim

Quando fiz esse blog, o descrevi como “quase nada sobre um pouco de tudo”, mas, como vocês (poucos) leitores devem ter percebido, tenho escrito muito sobre mim. Não sei o que isso significa... Talvez seja uma tentativa de descobrir quem eu sou. Talvez seja uma forma de tentar me entender. Talvez seja apenas egocentrismo. Talvez não seja nada disso. Talvez talvez. Mas, se for mesmo uma dessas tentativas, não estão dando certo.

Já aconteceu de você parar diante do espelho, olhar fixamente seu próprio reflexo e se perguntar quem é aquela pessoa que te encara do outro lado do espelho? Pois é. Faço isso sempre. E ainda não achei a resposta.

Cresci ouvindo as pessoas falarem sobre mim, coisas do tipo “que menina inteligente, tem um futuro promissor” ou “você é muito decidida” ou “como você é estudiosa” ou “você é um exemplo de menina” ou “vai já secar essa louça”, dentre outras frases ditas, na maioria, pela minha mãe. Aí eu ficava toda feliz, esperando por esse tal “futuro promissor”. Mas, cadê? O ruim de ter expectativas é que geralmente elas são frustradas. Mas ainda acho que o pior é sequer ter expectativas. Essa sou eu.

Outro dia, numa dessas sessões de auto-análise diante do espelho, pensei: “as pessoas falam tudo isso sobre mim porque eu realmente sou assim ou eu sou assim porque as pessoas falam que sou?”. Entendeu? Nem eu. Nunca entendo. Nunca sei me descrever. Nunca sei quem eu realmente sou. Nunca sei qual das Danis eu vou mostrar às pessoas e a mim. Nunca sei qual das Danis eu quero ser.

Se você me pedir para falar sobre mim, minha resposta sempre será “sei lá, cara”. E não é para fazer charme nem nada disso. Respondo assim porque eu realmente não sei.

Sei lá, cara. Sei lá.

Aí eu desisto de tentar me entender, seleciono aquela música e a deixo ocupar meus vagos pensamentos, porque nem eu me aguento mais.