terça-feira, 19 de novembro de 2013

Das coisas que eu queria explicar

Eu não sei como explicar, mas vou tentar. Acho que foi o seu olhar — tão bonito, tão marcante, tão forte a ponto de prender o meu. Pode ter sido o seu sorriso — tão sincero, tão bem desenhado, tão radiante a ponto de me tontear. Ou foi o seu jeito — tão tímido, tão rápido, tão desajeitado a ponto de me desajeitar também. Na verdade, foi o seu abraço — tão forte, tão bom, tão imenso que me fez perder a noção de mim. Não sei, moço, eu não sei exatamente o que me prendeu a você. Só sei que agora estou aqui, presa, imóvel — e sem pressa de sair. Deixa eu morar no seu abraço? Rabisco seu nome nas minhas incertezas, desenho seus olhos na minha saudade, vejo o seu sorriso em todos os cantos da minha calmaria. Acho que você combina com o meu caos. Será que você pode me organizar? Vejo a imagem de nós dois que vai dançando na minha mente desde que acordo até a hora de dormir, isso quando não aparece nos meus sonhos. O que isso significa? Você sabe me dizer? Será que você nos vê também? Eu não sei mais o que escrever para explicar o que sinto por você, moço, porque você me deixa confusa. Como explicar o que nem eu entendo? É tudo meio estranho desde que te conheci, não estou me reconhecendo. Não sei mais o que estou sentindo, não sei mais o que estou dizendo, não sei. Mas esteja por perto quando eu descobrir. Do amanhã? Não consigo prever. Do amor? Não sei dizer. De nós? Não sei o que vai ser. Quer fazer parte das minhas confusões? Ainda não sei que lugar você ocupa no meu espaço. Eu só quero saber o que você fará comigo quando eu estiver em você. Faça alguma coisa, moço, porque eu não sei o que fazer com você em mim. 


Texto publicado originalmente na Confraria dos Trouxas.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Você

Vejo o céu azul
e lembro dos seus olhos
Vejo as estrelas no céu
e lembro do seu sorriso.

Vejo as rosas vermelhas
e lembro dos seus lábios
Vejo seu corpo
e lembro da mais bela escultura.

Vejo seu amor
e lembro de mim
Vejo meu amor
e lembro de você.


(Por Murilo Barth, aluno e poeta meu).

sábado, 2 de novembro de 2013

Lareira




Há algo que eu preciso lhe dizer, mas não consigo explicar. Há coisas que eu quero te contar, mas não sei que palavras usar. Vejo a imagem de nós dois que vai dançando na minha mente desde que acordo até quando eu me deito para dormir e, não satisfeita, ela ainda aparece nos meus sonhos. O que significa isso? Você sabe me dizer? Será que você nos vê também?

O inverno começou ontem e congelou em mim as lembranças de nós dois. Foi nessa época, há um ano, que vivemos o melhor do nosso amor. Aliás, era amor? Você me dizia que sim e eu concordava com um beijo, mas hoje eu já não sei dizer. Lembra de quando nos deitávamos diante da lareira e você me abraçava e me aquecia mais do que o próprio fogo? Você me queimava, me consumia, me reduzia a cinzas toda vez que me amava. E, feito fênix, eu renascia para você me matar de novo. Você era meu fusível, meu combustível, a causa da minha morte e a minha fonte de vida. Até que você sumiu. E eu senti que havia morrido definitivamente.

Foi difícil quando acordei e não te vi mais ao meu lado. Para onde você foi? Nunca consegui arrumar a bagunça que deixamos na frente da lareira. Ainda estão lá os cobertores, as taças, a garrafa vazia do vinho que nos aqueceu ainda mais, os travesseiros, minhas roupas, nossos cheiros, nosso suor. Nunca consegui arrumar a bagunça que você deixou em mim. É tudo meio estranho desde que você se foi. 

Será que eu devo lhe mostrar o que eu achei? Será que eu devo lhe contar o que eu vejo? Será que eu posso lhe dizer que você ainda me queima? Será que você foi para sempre? Ou será que está voltando? Será que eu renascerei um dia? Será que eu ainda sei ser sem você? Eu pensei que seria sua para sempre, mas acho que estava enganada. O eterno nunca nos pertenceu.

Você, que sempre me queimava, de repente me congelou. Hoje, nem mesmo a lareira é capaz de me aquecer, de acabar com o frio dessa casa, de tirar o inverno que invadiu a minha alma. Cadê você pra me acender?